sábado, 26 de abril de 2014


Quando a vida me pregou uma peça fui logo tratando de me trancafiar numa torrezinha de emoções. Eu, que antes abria o peito e espalhava amor ao vento, resolvi emudecer alguns pedaços de mim e deixar a vida ir passando.
Mas não deixei de vivê-la. Simplesmente, silenciei para não cair de novo no mesmo buraco. As demonstrações que antes eram corriqueiras passaram a ser evento especial com direito a 'coletiva de imprensa'.
Passei da fase de morrer de amores pelo mundo, e comecei a amar mais o que eu tenho por perto, o que tenho em mim. Não me tornei amargurada, longe disso minha gente!
Só decidi que amor demais enjoa, de menos estraga e na medida traz frutos.
Resolvi cultivar o sentimento no jardim do peito, e assim que as flores se mostram fortes o suficiente entrego ao devido destinatário.
Vou cultivando, regando, trabalhando em cima do que recebo e quando vejo que o solo é firme, é fértil e não dará 'pragas' dou todo o amor em flor pra quem merece.
A vida e as pessoas vão nos mostrando as imperfeições minuciosas e tão mais fracos parecemos ao levar as topadas, tão mais fortes ficamos. Tudo no seu tempo, fica mais sábio, mais impactante ou não e ser mais seletiva hoje me tornou uma pessoa mais dona dos meus atos, sem esperar muito do outro sigo trançando versos sem emendar muito com futrica, com picuinhas que sempre nos desalinham. O segredo do voo é saber libertar as coisas ao seu tempo, sem medo, sem suspense, apenas deixar livre...
Afinal, tudo que permanece, que corre atrás, que procura, que usa de bons modos e mimos é duradouro, posso até dizer que é eterno, é uma lembrança do ontem que hoje ficará ainda mais florido, mais regado e de fato, regar sempre na medida certa, deixa o sol passar, a fresca chegar e então vá e regue o coração do outro. Com sol quente, tende murchar, absorver muito rápido o sumo do carinho, mas com o ventinho do crepúsculo só vai fazer ninhar brotinhos e esparramar verde, que cintila, que unifica, que arboriza, criando uma espécie de eternidade e isso é estar mais perto de Deus, essa coisa chamada amor ao próximo, mas sempre na medida pra não adoçar demais e virar melado; se enjoar, a gente vai deixando de lado e procurando aventuras e essas são efêmeras e temos que criar raízes vez ou outra pra dar chance de conhecimento e fazer caber mais sentimentos dentro dos nossos abraços.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Atenção: Essa vida contém cenas explícitas de tédio...

...Nos intervalos da emoção.
Alice Ruiz

- Você está feliz?
- Por que?
- Curiosidade. Mas, responde, você está feliz?
- Estou feliz, estou muito feliz.Por que não estaria?
- Você não é feliz - Não era uma pergunta.
- Por que você está dizendo isso? Não sou uma das pessoas mais alegres que você conhece?
- Você sorri sempre. Sempre tem palavras doces para todos. Sempre tem uma canção na ponta da língua.
- Então, sou contente...
- Verdade. Ri de tudo. Mas, quando não acha que esta sendo observada fica pensativa.
- Eu penso demais. Isso não significa nada. Eu sou feliz e ponto. Que coisa. Tenho um buquê de sorrisos.
- É até pode ser. Mas são seus olhos.
- O que tem eles?
- Seus olhos. Eles não brilham mais.


[Silêncio - meu e dele]

Meu silêncio é o grito mais alto que alguém já deu.



Nunca consigo começar um texto com a mesma facilidade que o termino.
Esse em especial me fez pensar muito, e achei uma boa maneira de iniciar dizendo como foi difícil fazer isso. Provavelmente porque isto é um conjunto de palavras que venho acumulando em mim nos últimos tempos. Palavras que pedem para explodirem, e explosões não são previsíveis.
As minhas ao menos não.
Usarei de fato a metalinguagem para dizer algo que já esta dito dentro de mim, embora ande me ignorando, calada.
Nunca me viram calada, alias, acho engraçado o modo como dizem que nunca me calo. E tem razão. Por hora, o silencio de que falo é interno, ando calada comigo mesma, quase não me ouço. Não me questiono, não indago. Eu mal penso. Porque pensar traz duvidas, e estas trazem perguntas, e ando calada.
Toda pergunta precisa de respostas, mas respostas não acompanham silêncios.
Sinto necessecidade desde já de um um final, o que me torna tola. Acontece que não sei como terminará, assim como desconheço essa vontade de esboçar logo um fim. Desconheço por não me pertencer, por fazer parte do inotavel dentro de mim.
Desculpe-me pela minha ignorância sobre gritos abafados pelo meu peito, mas inevitavelmente são eles que me fazem escrever tais palavras soltas, para que meu vocabulário vago se gaste e dessa forma faça com que eu esvazie essa multidão insana que tenta fugir de mim.
Não creio que faça algum sentido o que escrevi, nem sou tomada pela vontade alguma de entender. Trago comigo essa duvida, para que possa impulsionar outras no meu ser. Eu disse que desconhecia o fim, e digo agora que este não existe.
As coisas na vida são ciclos, elas não morrem verdadeiramente, não enquanto algo que estiver vivo lembrar-se delas.
Posso até ouvir meu silencio, nesse momento.



"E a menina, enfim, chegou à uma conclusão:
Falta alguma coisa. Alguma coisa que ainda falta descobrir.
Em todo coração há abismos preenchidos por ventos gelados,
há cavernas escuras e cheias de morcegos.
Mas em todo coração há luz.
Basta saber qual é a lâmpada correta a acender."

domingo, 6 de abril de 2014

AMOR PRA VIDA INTEIRA

Fogo. Sou direta. Franca. E exijo o mesmo das pessoas. Não gosto de meias-palavras ou meias-verdades. Nunca passo o reveillon de branco. Sou do avesso. Talvez eu seja, sim, o oposto daquilo que você espera de mim. Sou hiperativa ao extremo. Gosto de todos os bichos. Não gosto de muitas pessoas. Minha vida é desalinhada.

Talvez meu jeito estúpido de amar as pessoas ao meu redor não seja suficiente. Talvez eu precise começar do zero e aprender a amar. Aprender a viver como se diz no manual. Minha família nunca me ouviu de verdade. Por isso, sou temperamental. Aprendi com as aves. Não gosto de ser incomodada sob o risco de eu te dar uma bicada e arrancar seu dedo fora. Gosto da liberdade, mas adoro companhia. Adoro minhas pernas encostando nas suas na hora de dormir.

Admiro as araras azuis. Aprendi no Discovery Channel que elas passam a vida inteira com o mesmo companheiro. São livres. Ninguém, nem nenhuma lei, obriga ninguém a ficar junto por mais tempo do que o amor consegue fazê-lo. Eu acredito nisso. No amor livre. No amor enquanto houver amor. No respeito, na cumplicidade, na transparência.

Por não saber o que quero da vida, vivo fazendo o que não quero. Por não saber amar, vivo levando na cara. Por amar demais, vivo sonhando. Por não acreditar nos sonhos, vivo me ferrando. Por me ferrar sempre, vivo me fechando. E por me fechar demais, vivo sem amor. Vivo com poucos amigos, poucas cifras e poucos CDs. Vivo sem sorte no jogo e apostando no amor.

Não quero amor de fim de noite. Não quero amor de uma noite só. Não tenho mais idade - nem saco - pra micareta. Não sei mais paquerar ou fazer joguinho de “não te quero só pra você me querer”. Não preciso que me queiram pra massagear meu ego. Tenho foco. Sou mulher de um homem só. Não preciso de conversinha com ex-rolos no Messenger porque sei bem o que eu quero. Não preciso de homem pra massagear meu ego. Não preciso testar meu poder de sedução mantendo possíveis casos amorosos na internet. Não preciso de ninguém pra me dizer o quanto sou linda, gostosa e inteligente. Pra isso, tenho espelho, academia, papel e caneta. Não preciso usar meu corpo ou muito menos minhas palavras pra conquistar alguém. Pra isso, tenho sentimentos que falam por mim.

Acredito no amor, apesar de o amor não acreditar em mim. Valorizo as pequenas coisas, como o chocolate no fim da tarde e o jantar no meio da semana. Valorizo a boa intenção. A boa fé. Acredito nas palavras do coração pra fora. E nos sentimentos do coração pra dentro. Acredito em tudo que vem de dentro da alma. Acredito no agora e desconfio – muito – do futuro. Desejo o bem pra quase todas as pessoas que conheço. Acredito no desejo. Acredito na vontade que faz acontecer. Acredito que tudo que queremos de verdade acontece. Não acredito em signos, cartas e tarô. Respeito todas as crenças. Acredito no amor que dura uma vida inteira. Desconfio do amor que dura uma noite. E respeito todas as formas de amar.