sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Quando quero sei ser nada simpática. Poucos, bem poucos, já perceberam isso. Não sei explicar direito, mas tenho um apito interno que dispara feito louco quando não vou com a cara de alguém. E às vezes, inexplicavelmente, não topo com a cara de alguma pessoa. Mesmo que ela nunca tenha me feito nada. Mesmo que eu nunca tenha trocado duas ou três palavras com ela. É gratuito.

Não costumo guardar mágoa, pois sou da tribo da conversa. Tá ruim? Então senta aqui e vamos resolver as coisas. Muitas vezes peco por falar demais. E quando não sei falar, escrevo. Quantas e quantas vezes as palavras ficaram trancadas dentro de mim e só saíram quando viram um papel e caneta na frente? Tantas e tantas vezes tudo fico preso e só se soltou na frente de um computador. Já me comuniquei com amigos, pais e namorado desse jeito: papel. É lá que eu me resolvo, me absolvo, me culpo, me julgo e faço as pazes.

Por favor, não chegue metendo o pé na porta da minha vida. Não gosto. Acho uma falta de respeito sem tamanho. Muita gente pensa que me conhece. Ilusão, mera ilusão. Quanto mais o tempo passa mais eu percebo que pouquíssimas pessoas me conhecem de verdade. Me analiso uma vez por semana e a cada dia que passa descubro mais e mais disfarces que uso. A gente usa escudos para afastar os males. E o que faz bem também (burros?).

Amizade nasce com o tempo. Não dá pra forçar, tentar criar uma intimidade inexistente. Antigamente, contava a minha vida para quem quisesse ouvir. Hoje em dia me preservo. Fica sabendo de mim quem eu quero que saiba. E daí alguém vem e diz: mas você tem um blog, escreve de relacionamento, de acontecimento, de sentimento. Então eu digo: as histórias que conto aqui não são completamente reais. Aumento um pouco aqui e ali. O que existe de verdadeiro é a paixão, é o sentimento que tenho pelo que faço. É claro que vida e arte se misturam (e vão sempre se misturar). Mas nada do que escrevo aqui é (e nem será) 100% fiel ao que vivo. Minha vida é muito bem guardada. Entra na minha casa quem eu quero (e são poucas pessoas, pois acredito muito nesse lance de energia).

Antes eu achava que todo mundo era meu amigo. Um dia, depois de muito sentir um gosto amargo e horrível na boca, descobri que muita gente queria me ferrar. Sim, as pessoas querem (e vão, me desculpa, mas vão) te ferrar. Tem amigo que não suporta te ver feliz. Tem conhecido que não aguenta ver o teu sucesso. Tem amigo que não gosta de ver que o teu relacionamento está dando certo. Tem parente que sente um ciúme trouxa. Tem gente que não sabe o que é gostar. Tem gente que não respeita nada. Acredito no seguinte: o olho das pessoas que gostam de você sempre vai brilhar quando alguma coisa boa te acontece. Se ele não brilha, meu amigo, "há algo errado no paraíso".

Educação a gente não compra. Não existe um personal educator. Boas maneiras a gente aprende com a vida (ou não). A elegância e o estilo a gente adquire com o tempo (ou não). Mas os limites (ah, os limites!) a gente que estabelece. Eu quero que você vá até aqui. Eu não quero que você passe desse ponto. E assim vamos vivendo (deixando bem claro pra todo mundo que não dá pra confundir as coisas).

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Sobre estar só...

Estar sozinha é engraçado, louco, angustiante, libertário e triste, tal qual estar com alguém. No entanto, estar sozinha é absolutamente o oposto de estar com alguém. Estar sozinha é fechar as mãos no nada quando se atravessa a rua correndo e não se tem uma mão para segurar. É acordar sem saber o que será do dia porque planejar sozinha dá preguiça. É falar a coisa mais engraçada do mundo para alguém que não vai rir, porque ninguém te entende tão bem. É ficar louca sem cúmplice. Não tem graça ser fora da lei sozinha. É querer contar tanta coisa para alguém, mas para quem? A vida simplesmente acontece para quem está sozinha, às vezes sem que a gente perceba, pois é mais fácil ter noção de si mesma através de outra pessoa. Estar sozinha é fazer dengo sozinha na cama, sem ninguém para apenas encaminhar o ombro um pouco mais perto. É comer doce demais porque sua boca precisa de um incentivo para continuar salivando vida. É comer doce demais porque estar sozinha dá uma tremedeira estúpida de hipoglicemia. É o doce que substitui mal e amargamente o sexo. Estar sozinha é dormir até tarde no domingo. Não para congelar o tempo na alegria, mas para fazer de conta que o tempo não existe. É conviver com a ansiedade de que você pode encontrar alguém especial a cada esquina, então você tenta ficar bonita. Mas seus olhos não mentem o cansaço da espera e a tristeza de estar solta e você fica feia. É ter a sensação de que ninguém te olha, pelo menos não como você gostaria de ser olhada. Estar sozinha é estar solta e, no entanto, é estar amarrada ao chão porque nada te faz flutuar, sonhar, divagar. Estar sozinho, ou estar sozinha, pode acontecer com qualquer um. E você torce para que aconteça com a sua melhor amiga ou com aquele homem que você gostaria de experimentar como uma pílula para a sua solidão. Estar sozinha é não suportar ouvir a palavra solidão porque ela faz sentido. E o sentido dela dói demais. Estar sozinha é ter uma risada nervosa, de quem segura um grito e um choro enquanto ri. Um riso falso para se convencer de que é possível ficar sozinha sem ficar deprimida. Estar sozinha é usar roupas provocantes sem se sentir sexy com elas. É conferir a caixa de e-mails com uma freqüência que beira a compulsão. É chorar do nada. É acordar do nada. É morrer de medo do nada que fica no estômago. Estar sozinha é uma coisa física, ou melhor, é a falta dela. Você se sente oca por dentro, por isso aquele respiro profundo de lamentação. É cogitar enlouquecer. O ombro pesa porque é tenso ficar sozinha. E porque não tem ninguém pra te fazer massagem também. Quando chove, venta, escurece e você está sozinha, você lembra de Deus e do quanto é pequeno. Estar sozinha é se aproximar de Deus por piedade própria e não por agradecimento, que é o que nos faz aproximar Dele quando estamos amando. Estar sozinha é detestar ficar em casa. Ficar em casa sozinha, quando se está sozinha, é muita solidão. Então você sai, só para não ficar em casa sozinha. E descobre o quanto você é sozinha. E volta pra casa sozinha e chora vendo fotos. Estar sozinha é implorar paixão e loucura com um olhar para o carro ao lado, segundos antes de você ver que ele não está sozinho. É trabalhar para passar o tempo e só conseguir escrever títulos, roteiros, spots e textos chatos, sem inspiração. É procurar um olhar pela rua e andar por aí com cara de louca. É estar pronta para algo novo e não aguentar mais dias iguais. É ocupar a vida de açúcar, intrigas, fofocas, encrencas. Aventuras tortas. É ocupar a vida dos outros com reclamações, lamentações, dúvidas e carências.
Resumindo: estar sozinha é triste, enche o saco dos outros e deve fazer mal para a saúde.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Explicações, justificativas... e outras razões.

Mergulhei nas letras românticas.
E através delas tomei consciência
de que a força invencível que impulsionou
o mundo não foram os amores felizes
e sim os contrariados.
Gabriel Garcia Márquez


Não sei porque eu não fiz esse post antes. Acho que por preguiça, ou por falta de tempo. Ou porque eu não quis mesmo. 
A intenção era eu descrever a causa dos meus texto e o motivo que me levou a fazer esse blog e postar esse monte de palavras que muitas vezes não falam nada, mas descrições são muito limitadas, e eu nunca lidei muito bem com limites. Mas como vieram me perguntar sobre meus sentimentos se eles estão presente na minha vida do modo como as descrevo, acho justo que saibam que alguns dos sentimentos que falo, entre as outras coisas que escrevo, nem sempre são o que sinto, nem o que acredito. As vezes são coisas que admiro nesse mundo, ou algo que eu vi e gostei, as vezes são sentimentos de amigos que mexem comigo, ou até alguns que eu queira sentir, mas não sinto. A maioria deles também são irónicos, muitas vezes o que quero dizer é o contrario do que esta escrito. mas isso não quer dizer que não descrevo também o que sinto, as vezes o faço, e geralmente em terceira pessoa. Então, que fique claro, esse blog não é meu diário, até porque eu teria que postar a todo tempo mil coisas diferentes, e que confundiriam todos que lessem. Meu dia não tem manha, tarde e noite iguais, em um mesmo padrão, esta sempre mudando, a todo momento juntos com minhas escolhas, meus momentos, meus gostos e até mesmo minhas ideias estão se reciclando sempre, a cada segundo, das vezes que meu dia teve uma padrão eu o considerei tedioso.
Ah, e eu odeio o tédio.